Falar de cérebro ou como a mente funciona pode ser meio chato para algumas pessoas e incrível para outras. Esse artigo vai te mostrar que, independente do seu interesse pelo assunto, vale muito a pena conhecer como seu cérebro opera. As três principais razões são: a de entender alguns padrões automáticos de comportamento em nosso dia a dia; o por que temos certas sensações e reações a determinados assuntos; e como tudo isso aí influencia em nossa criatividade.
Henrique Szklo, redator-chefe da Escola Nômade Para Mentes Criativas, estudioso do comportamento criativo e escritor do livro “Você é Criativo Sim Senhor!” (ed. Jaboticaba), palestrou no Dia Mundial da Criatividade de 2019, e foi lá que a gente coletou uma série de informações relevantes para esclarecer esse assunto.“Precisamos saber como a gente funciona pra saber como administrar nossas limitações e potências. Se entendermos como nosso cérebro funciona, teremos mais condições de resolver problemas.”
Afinal, resolver problemas é uma das utilidades de ser criativo. Agora, imagine que nosso cérebro é como um carro, tem toda uma parte elétrica, uma mecânica, fios indo e vindo… E se dá um pau? Se nosso carro dá um problema, e entendemos alguma coisa de carros, onde ficam as peças, qual é a funcionalidade delas, temos uma chance muito maior de conseguir resolver o problema ou direcioná-lo. Não quer dizer que sempre vamos conseguir, às vezes precisamos ir ao mecânico pra resolver o problema – ou ao médico, um terapeuta, um psicólogo, no caso da nossa mente. O fato é que, como um mínimo de conhecimento sobre um assunto, podemos gerenciar melhor, como lidar com eles e, consequentemente, seus aspectos positivos ou negativos.
Existem algumas coisas que condicionam a forma como agimos e pensamos em relação ao mundo. Vamos relembrar? Por exemplo, nossos valores de referência – como os grupos em que participamos nas redes sociais, ou o que os nossos pais nos dizem ou nos ensinaram, quem são nossos amigos e as experiências juntos, como nos relacionamos no amor… e por aí vai.
O fato é que nossas decisões do que é certo e errado se baseiam nesse background e aí que começam os probleminhas. Ah! E tem mais uma coisa. Não podemos esquecer da nossa necessidade de participar de um grupo, que faz com que a gente se transforme ou se afaste de quem somos – e como operamos – e aí o problema começa a ficar ainda mais cabeludo!
SOLIDÃO X VIDA SOCIAL
Primeiro que ninguém gosta de ser solitário – ou ao menos não por muito tempo. E quando a gente se propõe a fazer parte de um grupo, às vezes nos sentimos pressionados a responder de acordo com como o grupo pensa, ou, pra não criar confusão, ficamos meio quietos. Se temos alguma ideia que pareceria muito estranha – ao menos na nossa cabeça, com grandes chances de ser rejeitada, já é o suficiente para ficarmos de bico calado. Vai que dá m…. ! E pode reparar: amigos, colegas de trabalho, geral é assim! E essa ideia de pertencimento é normal. Tem o oposto também. Gente que antes de entrar no clubinho, já quer sair porque vai que alguém rejeita né?
No fundo, independente do perfil, o fato é que os seres humanos precisam estar em sociedade, precisam pertencer e aí que entra um dos “problemas” de sermos autênticos e criativos. Vai que alguém rejeita a gente pelo nosso jeito. Melhor se isolar, ficar na boa, fazer o que a maioria faz ou diz pra fazer…. porque vai que, né? Nós achamos que o caminho não é esse. E você?
E, um último fato muito influenciador a ser considerado, é o mundo externo em si. Mídia, instituições – sejam as que frequentamos como nosso emprego, escola, igreja, ou as maiores, leis, cultura, religião… uma lista grande.
Aquele prédio que passamos todo santo dia na frente, no caminho pro trabalho, o mercadinho que vamos no final de semana, a obra de arte que você viu num museu há anos atrás… Tudo isso fica guardado no nosso cérebro, servindo de bagagem para as nossas ideias e fomentando nossa imaginação. Por isso sempre dizem o quanto é importante nos cercarmos de experiências – diferentes, interessantes, inspiradoras – para que nossa criatividade aumente. E pra tirar o povo do hábito? Por que em geral, as pessoas sabem o que tem que fazer, mas…. pegou a informação e pronto! Continua vivendo do mesmo jeito…..por isso é necessário termos não só a consciência de que tudo ao nosso redor nos influencia, assim como fazer alguma coisa a respeito, tipo tomar atitude mesmo, sabe?
Embora para muitos essa percepção esteja clara na teoria, na prática, o que vemos é pessoas com acesso a toda essa informação, porém, fazendo o que com ela? Nada ou quase nada. Sem contar quem não faz ideia do que faz, por que faz, e por aí vai. Resultado? Entra-se no mood-mala da reclamação, da crítica destrutiva, da vida monótona, das desculpas sem fim, e enfim, sem ter noção de que as tomadas de decisões do dia a dia são resultado dessas influências. E aí, fica muito difícil ser criativo, se os problemas básicos não são resolvidos – quanto mais complexos ou disruptivos – e a inércia toma conta e você ou alguém que conhece pode estar vivendo como um fantoche do mundo alheio, perdidinho.
AUTOCRÍTICA, LÁ VEM ELA ATRAPALHAR A CRIATIVIDADE
Ah….se fosse só o mundo externo…..estaria bom! Mas, existe porém, aquela vozinha interior, chata, que diz que nossa ideia é meio ridícula, que ninguém vai querer ouvir o que temos a dizer, que insiste que é perda de tempo investir nos nossos sonhos. É tiro e queda. Acontece com 100% do ser humano. Então, quando a matraca mental vier te cutucar, no meio de um projeto, e falar “apaga isso ai, tá muito mal feito”? lembre-se quem é que tá ali, a sua autocrítica. Porém tem a autocrítica que nos faz fazer melhor e tem aquela que nos para de vez.
A primeira, boazinha e nossa amiga, é uma aliada fantástica pra sabermos medir o que vamos falar e o que vamos fazer, pensar e amadurecer nossas ideias.
A segunda é malévola que, condicionada por todos os fatores externos e ampliada pelas nossas emoções, pode literalmente nos destruir e nos levar para o temido caminho da depressão. Como a gente não é tão bem preparado pra passar perrengue, problemas são as coisas que mais tememos, e essa história toda de quebra de padrão e tudo mais, fica 10 vezes pior na hora de encontrar uma solução. Vamos mudar isso?
CORAGEM….O QUE É ISSO MESMO?
A dica de Henrique Szklo é começar pelo caminho da CORAGEM. É, é verdade. Parece fácil falar, mas é difícil fazer algo que precisamos treinar constantemente, como tudo nessa vida. Ainda não se acostumou? Acorda! A vida é louca, difícil, esquisita, problemática! Mas é boa, e pode ser muito boa se você pensar diferente do que aquilo que te acontece!!! Pensa com a gente: se você entender porque se comporta do jeito que se comporta, nossa, já é meio caminho andado. E como falamos no exemplo do carro, se soubermos um pouco a cada dia que passa, já é um bom passo pra poder consertá-lo. “Quando a gente toma consciência de que podemos, aos poucos, selecionar o que realmente queremos que nos influencie, sabermos que os fatores externos vão sim continuar a existir, independente de nós, começamos a decidir a nossa vida”, diz.
Por isso, precisamos da coragem para enfrentarmos nosso medos internos. Saber se estamos olhando muito pro passado (aí vem medos e frustrações) ou muito pro futuro (e então bate a ansiedade e irritabilidade). O ideal é olhar sempre pro presente – tipo pensar no que vai acontecer no futuro ou o que aconteceu no passado….coisa de praxe….aí sempre que você se pegar nessa neura, PARE, CONSCIÊNCIA, AQUI E AGORA! Respira….e aí, conscientemente se ver que sua mente encanou no passado e está ali, enchendo o seu saco, veja o que tópico/contexto/época que você está, o que rolou de erros…. anota num caderno, conta pra alguém, faz textão, grava um áudio, escreve um artigo sobre, arruma um jeito de por pra fora e voltar a viver a vida no presente, ok? E no futuro? Faz a mesma coisa! 😉