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Você considera a sua cidade criativa? Como assim? Por exemplo, ela te proporciona experiências culturais de artistas que você não conhece, lugares com espaços diferentes, modernos, ou escritórios compartilhados tipo coworkings, comidas diferentes e que saem do padrão hambúrguer gourmet ou açaí na tigela? Para as pessoas quem moram nas grandes capitais do Brasil, tipo São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Florianópolis, entre outras, a resposta pode ser óbvia: Sim, sim e sim! Mas para cidades menores – e ó, nem precisa nem ser tãoooo do interior, às vezes até são bem coladas nas capitais, normalmente a resposta seria “não, nada de muito diferente rs”.
Pois é, devido a falta de estrutura das prefeituras e as políticas públicas que nem sempre cuidam da manutenção de lugares do patrimônio cultural da cidade, esse cuidado e olhar à diversidade criativa, não costuma estar em pauta – só quando acontece uma catástrofe ou se o gestor é visionário – o que são pouquíssimos. Afinal, há tantos outros problemas a serem resolvidos…Cultura, entretenimento, arte, criatividade, inovação, pra que né?
Agora presta atenção no que vamos te questionar: Você sabia que criar, desejar, planejar uma cidade criativa, pode dar uma outra motivação e evolução na própria comunidade local? Sim, seus amigos, vizinhos, parentes, colegas….pode ajudar todo mundo! Como? Vamos lá: Se você ainda não sabe, a Economia Criativa movimenta bilhões de dólares/reais/euros e as áreas que compõe a Economia Criativa são valorizadas no mundo todo. Mas, no interior, sabemos que ainda não é bem sim. E em muitos lugares isso passa completamente despercebido, e, as pessoas acabam sempre fazendo as mesmas escolhas, coisas, mesmos empregos, funcionalismo público, indústria…áreas administrativas, da saúde ou Direito e blá blá blá.
Agora, se no interior é difícil o TER, nas capitais, é IR. Quem nunca, morando numa cidade grande, desistiu de assistir a um concerto ou visitar uma exposição bacanérrima porque o evento/local ia acontecer no lugar x da cidade, longe pra caramba da sua casa? O acesso aos eventos e lugares criativos nas cidades grandes normalmente está reunido no centro ou lugares mais badalados, deixando as partes mais afastadas de lado. Temos aí um problemão: Quero ir, mas não consigo!
Cadê o nosso entrevistado? Agora sim! E quem vai nos ajudar com umas boas ideias para resolver essas e outras questões é Lincoln Seragini, professor e consultor em Gestão da Inovação, Branding e Business Design, e que trabalhou muito com Design e Gerência de Embalagens para grandes marcas como Nestlé, Colgate-Palmolive e Johnson & Johnson. Hoje ele é chefe e diretor da Casa Seragini, onde desenvolveu a ideia de uma plataforma digital para a implementação do que ele chama de “Governança Criativa de Negócios” nas cidades do país. Opa! Vamos ver do que se trata?! Já vai entrando no clima através do propósito do Lincoln:
Conversamos um pouco com ele sobre suas ideias criativas! Vamos lá? Desliga tudo aí, e presta atenção pra você entender e, quem sabe, participar desse projeto quando ele chegar na sua cidade! Ou quem sabe, você pode levar ele para a sua cidade… quem sabe!
Qual a importância do seu projeto para as cidades e como ele vai ser colocado em prática?
O projeto que proponho é o desenvolvimento de uma plataforma Digital para a implementação da Governança Criativa nas cidades. No Brasil existem 5.570 cidades. Toda cidade tem um potencial de se tornar uma cidade criativa. Mas para isso, precisamos de uma iniciativa com líderes visionários e comprometidos, que entendam de organização e gestão criativa. A plataforma permitirá que o conceito de Cidade Criativa possa ser implantado mais rapidamente, pois disponibilizará de forma didática, todos os passos para a sua realização, como por exemplo, a formação de gestores públicos que serão especialistas em implementar projetos criativos em suas cidades.
Cada cidade tem a sua história, cultura, personagens e acervos, e mesmo não existindo um único modelo, é possível sistematizar o conhecimento/experiências disponíveis no mundo, para que tanto o poder público quanto a comunidade, possam instituir um conselho para implementar a Governança Criativa e, em consequência, aproveitar os benefícios que o programa oferece. A plataforma ainda está em desenvolvimento e está prevista para ser lançada em 2020, e então, será disponibilizada para os municípios interessados.
Quando você diz “implementar projetos criativos”, que tipos de projetos você tem em mente?
Projetos criativos são todos aqueles que tem a criatividade e o talento como instrumento de criação de riqueza em diferentes setores, gerando conteúdos, ideias, negócios, projetos e produtos, incluindo autores, músicos, publicitários, estilistas de moda, designers, criadores de software, chefs de cozinha, compositores, atores, artesãos, pintores, fotógrafos, dançarinos e cantores. Inclui também a revitalização de áreas urbanas, como centros históricos abandonados, gerando espaços para exposições, shows, oficinas criativa, escolas de arte, dança, pintura etc e coworkings, criando uma concentração de negócios e atividades criativas. Inclui também, incubadoras de novos negócios e Startups, constituindo o Empreendedorismo Criativo.
Exemplos práticos: criação de Festivais de Música, Cinema, Dança, Folclore, Gastronomia, Turismo, prêmios para Projetos Criativos, tanto econômicos como sociais. Agenciamento de artistas e preparação de planos de negócios a serem incentivados por financiamentos Angel.
De onde você tirou a ideia pra esse projeto? Você teve influência de algum case internacional?
O conceito de Cidades Criativas existe há quase 20 anos no mundo, sendo a Inglaterra o seu berço. No Brasil, temos poucos exemplos e é justamente para acelerar o processo que estou propondo a plataforma. Mas, posso dizer que a ideia da plataforma nasceu de minha própria angústia de ver o tempo passando e o Brasil perdendo a chance de se estabelecer de forma organizada e criativa. Por isso, é necessário cada vez mais, incentivar o empreendedorismo criativo, artístico e social, para criar mais riqueza, diminuir o desemprego e colocar o Brasil como uma nação de criativos que geram novas oportunidades.
Quem está bancando o projeto? Existe algum financiamento pra ele ou quem sabe ele está configurado como startup?
O desenvolvimento do projeto será financiado por uma instituição (não está autorizado a sua revelação nesse momento) que fixou como premissa, a distribuição gratuita das plataformas ao Poder Público e Organizações Sociais que possam liderar a implementação dos programas. A Plataforma incluirá o processo completo de uma cidade criativa: Marca e Identidade da Cidade, Organização e Gestão do Conselho de Governança Criativa e da Agência de Treinamento, Planejamento de Negócios e Fomento para os programas.
Quais são as cidades que já estão de olho no projeto? E alguma já pretende aplicar a ideia? Se não, como pretende abordar as prefeituras para colocar esse projeto em prática?
Uma vez pronto, o projeto será disponibilizado gratuitamente para as prefeituras e comunidades. Para a implementação, entretanto, será necessário contar com empresas prestadoras de serviços e projetos especializados: pesquisadores, designers, arquitetos, consultores de gestão e marketing e outros, gerando uma demanda derivada patrocinada – o que significa também oportunidades de mais empregos. Inicialmente a adesão dos interessados será espontânea. Se necessário, após a primeira onda, devemos promover e incentivar a implantação.
Você pode citar algum exemplo do conceito de cidade criativa que já exista no Brasil?
Oito cidades brasileiras integram a Rede de Cidades Criativas da UNESCO em cinco categorias:
- Curitiba e Brasilia – Design
- Paraty, Belém e Florianópolis – Gastronomia
- João Pessoa – Artesanato e Artes Folclóricas
- Salvador – Música
- Santos – Cinema
Algumas cidades que tem um programa organizado de Cidade Criativa, total ou parcialmente:
- Rio de Janeiro (RJ)
- Cuiabá(MS)
- São Paulo (SP)
- São Luis(MA)
- Vitória (ES)
- Juiz de Fora (MG)
- Londrina (PR)
- Guaramiranga(CE)
- Tiradentes (MG)
- Natividade (TO)
O que falta pra esse projeto sair do papel e estar funcionando 100%?
Consolidar e realizar com qualidade o conteúdo, dentro do prazo planejado.
Existe alguma ajuda que o seu projeto precisa além da criação da plataforma na internet e a questão com as prefeituras de cada cidade?
Após a aprovação e o desenvolvimento do projeto, o maior desafio será atrair líderes e conquistar a adesão de voluntários para colaborar na gestão e implementação dos projetos. Naturalmente, será necessário promover e motivar toda a população para abraçar os projetos.
Ficou aí cheio de perguntas e curiosidade? Nós também! Essas são as informações iniciais deste projeto ambicioso do Lincoln! Esperamos novidades e vamos atualizando o artigo conforme a gente tiver novas informações – nossos artigos são vivos!
O que achamos? Com certeza vai ser muito importante se der certo e a onda pegar, não só pelos benefícios de se ter cidades criativas com projetos que gerem novas oportunidades de trabalho, mas também para uma sociedade que passe a dar valor a cultura local e assim expandir sua cabeça, e buscar, na Economia Criativa, uma oportunidade de carreira que seja valorizada pelas empresas, comércios e indústrias dessas cidades menores, assim como já é nas grandes cidades inovadoras do mundo. Infelizmente, muita gente ainda não sabe da força da indústria criativa em um país – a gente está aqui pra isso! Portanto, se você está conhecendo o que é a Economia Criativa ou até se já manja um pouco e quer saber mais, leia nosso artigo “Você Sabe Qual é o Valor da Criatividade?” para expandir sua mente. A gente garante que você vai saber um pouco mais do que a 5 minutos atrás! 😉
Ah, e confere aqui abaixo as cidades mais criativas do mundo:
E claro, queremos saber também o que acharam do projeto do Lincoln? Tem alguma dúvida? Você acha que a sua cidade é criativa, sim ou não? E se sim, como poderia melhorar? Porque venhamos e convenhamos, amigos e amigas, sempre tem coisa pra melhorar! 😉 Responda nos comentários que a gente vai ler SEMPRE!
Arte da capa: Dmitry Mòói