Certamente você já ouviu a frase “o mundo mudou”. Na realidade, o mundo não mudou, ele está mudando. Pela primeira vez estamos vendo uma série de mudanças seguidas e que acontecem a todo instante, cada vez mais rápido e em todos os setores de nossa vida. Estas mudanças têm a tecnologia como motor de aceleração, e a maneira como vivemos, trabalhamos, consumimos, nos relacionamos e aprendemos está se transformando de um jeito que nunca vimos antes.
Hoje quando vamos viajar, se hospedar em hotéis não é mais a única opção. É possível ficar por exemplo, na casa de pessoas que você nunca imaginou conhecer utilizando plataformas da chamada economia colaborativa, como o Airbnb ou Couch Surfing. E você não vai chegar na casa destas pessoas sem saber onde está pisando: é possível ver fotos da casa, ler sobre o perfil do anfitrião, ler as opiniões de viajantes que já se hospedaram na casa e até mesmo marcar uma vídeo chamada usando Skype para conhecer face-to-face o dono da casa e ver se “o santo bate”. Agora pare um minuto e pense: há 15 anos atrás, nada disso existia. Há 15 anos atrás, as grandes redes hoteleiras não estavam nem um pouco preocupadas com este tipo de concorrência, na realidade, nem passava pela cabeça de seus executivos que um dia seus concorrentes seriam pessoas comuns alugando quartos em suas próprias casas para ganhar um dinheiro extra e ainda fazer novos amigos. Há 15 anos atrás, tudo isso estava apenas começando.
Mas veja só que ironia do destino: Em 2008, ano que o Airbnb foi lançado e portanto não tinha valor no mercado, a rede hoteleira Hyatt valia US$6 bilhões e a rede Hilton valia US$26 bilhões. Dez anos depois, com a chegada do Airbnb (que vale dizer, não é dona de nenhum hotel e tem menos de 50 funcionários), seu valor no mercado passou de zero a US$31 bilhões, enquanto os gigantes Hyatt e Hilton passaram a valer US$10 bilhões e US$27 bilhões, respectivamente, conforme divulgou Jon Erlichman, repórter âncora do “The Open”, da CNN Bloomberg em seu twitter.
E como este exemplo, existem diversos outros em vários tipos de mercado. Definitivamente, a situação no mundo dos negócios não anda muito fácil: de acordo com a Forbes, em menos de 20 anos, mais da metade das maiores empresas do mundo decretaram falência, foram compradas ou saíram do ranking das 500 maiores empresas do mundo de acordo com suas receitas. Empresas sólidas, conhecidas, estruturadas, que nunca pensamos que um dia iriam deixar de existir (lembra da Kodak?).
Falando assim, parece um fato distante do nosso dia a dia, isolado e que pertence somente ao mundo dos negócios, não é? Na verdade, não. Pense no caso do Airbnb: os viajantes passaram a se hospedar de um jeito diferente, pessoas que tinham quartos sobrando em casa passaram a “inventar” um novo emprego ou uma nova forma de ganhar renda extra, os funcionários de hotéis provavelmente foram pegos de surpresa e estão tendo que se reinventar em suas profissões, e por fim, as velhas receitas corporativas estão sendo desafiadas. A reinvenção, os desafios e as oportunidades aparecem em todas as esferas da sociedade, com impactos na vida de pessoas comuns.
Mas por que isso está acontecendo?
De maneira geral, tudo isso vem acontecendo porque hoje contamos com tecnologias que evoluem em um ritmo exponencial e que derrubaram as barreiras de acesso das pessoas ao conhecimento, ferramentas e conexões. O que antes ficava restrito às grandes instituições, ou a pequenas elites, hoje se popularizou através da internet e está acessível a pessoas comuns. Qualquer um, com as ferramentas e conexões certas é capaz de construir praticamente qualquer coisa. E muita gente vem criando projetos, realizando sonhos e construindo empresas que mudam completamente as regras do jogo.
“Esta é a melhor época para estar vivo pois nada é impossível”,espalha a mensagem Peter Diamandis, presidente executivo da Singularity University
Você já tinha parado para refletir sobre isso e sobre como a sua vida também pode se transformar?
Aposto que provavelmente não… pelo menos, eu mesma até pouco tempo atrás não tinha percebido estas transformações. Tudo isso vem acontecendo tão rapidamente que realmente não nos damos conta do grande impacto (“positivo” e/ou “negativo”) que elas causam na maneira como vivemos e trabalhamos – a menos que sejamos diretamente impactados por elas, como por exemplo no caso dos taxistas que foram atropelados pela mudança e hoje ainda tentam frear o Uber com todas as mudanças que esta nova forma de mobilidade trouxe.
Algumas provocações para te ajudar nesta reflexão:
1) Será que não existe uma forma mais fácil de tirar aquele seu projeto da gaveta?
2) Será que o seu sonho realmente é impossível?
3) Será que você, como profissional, poderia ter um olhar mais criativo sobre as coisas que faz todos os dias?
4) Você se pergunta se é possível fazer diferente?
5) Se você tiver que se reinventar, que caminho irá seguir?
Mas tudo bem. O importante é você ter a oportunidade de refletir agora, sobre o quê e como estas coisas impactam e podem impactar a sua vida (ou melhor ainda: refletir sobre que novas oportunidades podem surgir).
Arte da capa: Matt Chinworth