>> ENTREVISTA: LILIA PORTO
A coisa tá mudando. E está mudando rápido. Já se sabe que as novas tecnologias estão tirando muitos empregos que, até então, eram importantes para o fluxo dos negócios, para empresas e empreendimentos. Muitas funções que eram consideradas um emprego, estão deixando de existir aos poucos – variando de país, cultura, estrutura, etc – e passando a serem executadas por softwares, máquinas ou robôs em geral.
Talvez isso seja percebido de forma mais visível, ou seja, nas ruas de países como Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda, Cingapura, entre outros. Mas, cedo ou tarde, chegará ao nosso Brasil. Mas calma! Se você olhar mais atentamente, verá que essa pode ser uma mudança positiva (há muita gente desconfiada ou com medo ainda, o que é normal em qualquer mudança).
Mas, afinal, o que fazer (ou por onde começar) para evitar que o SEU trabalho seja um dos que serão substituídos ou modificados na forma como são?
Quem responde nos ajuda a entender essa e outras questões sobre o futuro é Lilia Porto, economista, especialista em Video Marketing na Tama Pitch e curadora do portal O Futuro das Coisas, considerado o mais importante no Brasil sobre futurismo e novas tecnologias. Além disso, ela está criando um projeto pra lá de inovador que vocês vão conhecer nessa entrevista. =)
Seja bem-vinda Lilia, e você, criativo/a e empreendedor/a, tenha uma ótima leitura!
Por que a criatividade é uma das habilidades do futuro?
A gente está vendo que as novas tecnologias já começaram a tirar os empregos e a criatividade talvez seja a competência mais essencial para encararmos esse futuro do trabalho. Uma série de pesquisas têm mostrado que essa habilidade, junto com a inovação, são as prioridades para empresas de qualquer tamanho.
Na realidade, a criatividade é um processo que pode culminar em uma inovação. O processo criativo nos leva a formular perguntas tipo “Por que?” e “E se”… Esses questionamentos podem desencadear saltos qualitativos ou até mesmo disrupturas com o status quo das coisas, ou seja, da forma como as coisas vêm sendo feitas.
Se a gente considerar que a criatividade nos ajuda a fazer algo de forma diferente do que costuma ser feito para solucionar os mais diversos problemas, cai a ficha que ela não é uma “skill” importante apenas para os executivos ou estrategistas, mas para todos nós.
“Mas, temos que reconhecer que há pessoas que têm mais criatividade do que outras”.
Nas universidades lá fora, têm especialistas ensinando a desenvolvê-la com técnicas específicas. Como estamos no Brasil, é bom ficarmos atentos e abertos para novas ideias e opiniões. Veja o exemplo do Facebook, os algoritmos dele só nos mostram aquilo que nos interessa, aquilo que combina com nossos gostos. Isso é muito ruim, pois nos isola da diversidade. Ficamos presos numa bolha junto com pessoas que pensam como a gente. Só que quanto mais contato com novas ideias e opiniões contrárias, maior a nossa possibilidade de encontrar inspirações. Quanto mais referências carregarmos, maior será a nossa base para sermos criativos.
Quem sabe no futuro possamos ser mais empáticos e compreensivos com pessoas que pensam diferente da gente…
O que é CO-CRIAR na sua visão e como isso pode contribuir com o futuro?
O prefixo “co” representa o futuro do trabalho e a nova forma de fazer negócios e criar valor. Coaprender, Copensar, Cocriar, Copropriedade e Coliderar.
Esse pensamento de open innovation, em que pessoas, cientistas, makers, empresas e clientes colaboram entre si para cocriar algo único, substitui aquele pensamento tradicional que enxergava a inovação como uma atividade unidirecional e de “propriedade”.
“A cocriação é um jeito reinventado de inovar”.
No entanto, não adianta a mera intenção de cocriar. É preciso casar o interesse das pessoas (que podem ter visões distintas) com um propósito em comum, como também usar os recursos e as ferramentas certas para a coisa evoluir.
Quais os três blogs ou canais do Youtube que te inspiram criativamente?
Tem muita coisa boa sendo produzida… Há 3 blogs estrangeiros que consulto todos os dias, não apenas para me inspirar, mas para ficar por dentro das coisas: o do futurista Ray Kurzweil, chamado KurzweilAI, o MIT Sloan, e o Harvard Business Review.
Afora esses três blogs, tem um monte que costumo ler, sobre vários assuntos, como urbanismo e cidades sustentáveis (ex: Project for Public Spaces), Design (ex. Fast CoDesign) e sobre histórias de vida e inovação disruptiva no Brasil (ex. Projeto Draft). No YouTube, assisto com frequência os vídeos da Singularity University.
Como surgiu a ideia de criar o portal O Futuro das Coisas e por que acredita que ele teve um crescimento rápido desde sua criação?
No Brasil, faltava um portal que juntasse todas as informações sobre futurismo e novas tecnologias em diversas áreas como Medicina, Educação e Marketing. No ano passado, comecei a escrever coisas que achava interessantes e que acreditava que seriam úteis para um público mais antenado com esses assuntos.
Hoje, sou a curadora do portal e temos alguns parceiros de conteúdo ligados ao tema futurismo, que nos ajudam com a criação das matérias. Todos os dias faço a curadoria de dezenas de matérias, estrangeiras e brasileiras, que podem servir como fonte pra gente. Tem muita coisa boa sendo produzida lá fora e que não chega aqui no Brasil. O nosso trabalho é justamente esse: filtrar o que tem de muito bom e relevante, e transformar numa linguagem acessível para as pessoas, dando a nossa visão autoral.
Acho que o crescimento rápido foi devido à nossa fidelidade a uma linha editorial inovadora, que tem como premissa ajudar as pessoas a entender o que vem por aí, espalhando mais esperança e otimismo. O futuro será um milhão de vezes melhor do que o que vivemos hoje… haverá mais empatia entre as pessoas, mais saúde, mais abundância…
Como você vê o movimento maker impactando o nosso futuro?
Passar a fazer parte desse universo do futurismo, me colocou diante de outro universo, o do movimento maker. Esse movimento me fez perceber novas possibilidades de conexões, a construção de um novo modelo de consumo, e o processo de desenvolvimento compartilhado.
A rede de Fab Labs representa para mim uma grande âncora de conexão do movimento maker com o mundo, com os problemas locais e globais, com a construção desse novo modelo de consumo em que eu coloco a mão na massa e produzo aquilo que preciso…
“O filmmaker, por exemplo, é um “fazedor” de arte, de produções audiovisuais. Ele vai lá e faz, com as ferramentas que ele ou ela tem “.
Acreditando nessa cultura maker, O Futuro das Coisas está participando da abertura de um laboratório de prototipagem com alta tecnologia de fabricação digital. Acredito muito nesse modelo de inovação aberta e nas práticas interativas e colaborativas e acho que gente precisa urgentemente revigorar nossas escolas, sintonizá-las com o futuro!
Obrigada Lilia, por compartilhar um pouco de sua visão! Além do conhecimento que a Lilia compartilhou com a gente, outros especialistas na área e muitas pesquisas já indicaram que a criatividade será uma das habilidades mais requisitadas no mundo do trabalho, como mostramos em nosso primeiro infográfico As 5 razões pela qual a Criatividade é a Habilidade Número 1 no Século XXI (clique aqui para ver o infográfico).
Ela, eu e muita gente está colocando suas ideias criativas para o mundo. E você?