“Faça o que você ama que
o dinheiro vem (ou não)!”

Eu cresci ouvindo essa frase e para falar a verdade: até hoje o dinheiro não veio! Por um tempo, achei que as pessoas que me diziam essa afirmação estavam me enrolando. Tá bom, deve ser difícil fazer todo dia o que não gostamos. Mas também é duro trabalhar com afinco – no que se ama – e não ter retorno financeiro. Como resolver esse dilema?

Há algumas reflexões sobre esse tema (polêmico) que gostaria de compartilhar com você que e, como tudo na vida, têm aspectos positivos e outros “nem tanto”. Primeiro, vamos explorar como funciona essa relação entre prazer x dinheiro:

Aqueles que trabalham na Economia Criativa são pessoas que geralmente fazem o que amam, então já entendem melhor os pontos positivos. Agora, para os que atuam foras das áreas criativas, nem sempre esse “fazer o que ama” é compreendido. Pode ver, quando você pergunta: “E aí, você gosta do que faz?”, a pessoa responde “Eu gosto”, mas a real é que nunca parou pra pensar muito ou o dinheiro é satisfatório, então tá OK. Pois é, parece triste pra um criativo ouvir isso….perceber que não há brilho nos olhos daquela pessoa…que a vida dela poderia ser tão mais incrível se ela fizesse o que ama! Mas, o fato é que muitas pessoas ainda trabalham ou executam funções que não gostam, simplesmente por que tem que pagar os boletos e não conseguiram pensar em outra saída. Ou não tem coragem. Ou mil e uma coisas que podemos trazer em outros artigos. Mas, o foco não é esse. Este artigo veio para chamar atenção de quem já achou aquilo que ama fazer e cai naquele velho (mas sempre presente) dilema: como é que ganha dinheiro fazendo o que amo? O que eu tenho que fazer para conseguir viver disso por anos e anos?

Pois é, os criativos costumam ter problemas conflitantes em relação a dinheiro. Para quem “trabalha pelo salário e não por prazer de criação ou paixão individual” pode ter certa dificuldade de compreender o “sofrimento do criativo” e achar que ele é um perdido, sem foco, que não sabe onde quer chegar… que suas ideias e paixões são bullshit. Na verdade, assim como qualquer outra carreira, as profissões das áreas criativas deveriam ter uma formação empreendedora e mais preparada para atuar no mercado de forma independente ou bem direcionada. E não é essa a realidade.

As faculdades que tem uma formação empreendedora ainda são restritas a uma classe social, seja pelo valor alto de uma mensalidade (um curso de Pós em Gestão de Economia Criativa na ESPM custa mais de R$ 70,000 ou faculdades como EBAC ou BELAS ARTES possuem cursos incríveis mas que custam média de R$ 4.000 reais por mês) ou pela concorrência…como uma Unicamp da vida. Portanto, do ponto de vista da paixão, o modus operandis dessa galera da Economia Criativa já está bem conectada com a visão do futuro do trabalho – paixão pelo que se faz + criatividade, itens básicos dos profissionais do futuro. Ou seja, os criativos já estão a um passo a frente sem saber. E quem quiser entrar nesse jeito de trabalhar criativo, pode também! É por isso que se fala tanto em criatividade para todos, por que envolve muitas coisas, sendo uma das principais: a paixão e envolvido pelo que se faz, algo que o criativo entende de imediato e não abre mão.

O site O Futuro das Coisas fez uma análise de uma pesquisa da Deloitte University sobre o futuro do trabalho, que mostra que uma das principais mudanças que devem ocorrer nas implicações humanas é que, além das pessoas terem que continuar o aprendizado e modelar sua carreira de forma mais verdadeira – algo essencial para se manter ativo, motivado e em crescimento – elas terão que seguir sua paixão. Caso contrário, poderão se tornar profissionais obsoletos, sem valor e totalmente desestimulados. Você não quer ser um destes né?

E, se mediante as novas tecnologias como a robótica, inteligência artificial (IA), sensores e dados, o recado dos futuristas é claro, de que teremos que nos aproximar cada vez mais das habilidades exclusivamente humanas como empatia, inteligência social e emocional, capacidade de definir contextos e de solucionar problemas, curiosidade, imaginação e criatividade, como é possível você trazer todas essas características humanas no seu trabalho se o que você faz não vai de encontro com o que você quer viver, ou seja, aquilo que você tem talento e te dá prazer? A questão é: quando você descobrir, você vai entrar exatamente no questionamento deste texto. E aí entra o segundo problema: o ganhar dinheiro com isso.

Para tentar responder essa questão, peço que reflita sobre alguns questionamentos e se quiser responda mentalmente comigo neste momento introspectivo:

O que você faz (e que você ama):

1. Potencializa o seu talento – você se sente desafiado a cada novo trabalho e vai buscar e estudar novas habilidades para desenvolver o seu talento?

2. O que você faz é algo que o mercado necessita ou deseja?

3. Alguém pagaria por isso? Tem valor de mercado? Você sabe qual é o seu valor de mercado real ou você executa e espalha seu talento às cegas?

E mais que essa reflexão, saiba que você tem que se esforçar, porque qualquer novo resultado que se deseja obter – como por exemplo ganhar mais dinheiro com seu talento – retorna na medida que nos esforçamos e fazemos diferente. Não dá para deixar as coisas para amanhã ou fazer de qualquer jeito! E esforço tem haver com dedicação. E dedicação tem haver com motivação intrínseca – um bem-querer que vem lá de dentro da gente e faz a gente brilhar os olhos, agitar o juízo e mover o corpo para a realização.

Então, se você ama o que faz p-r-o-f-i-s-s-i-o-n-a-l-m-e-n-t-e (não é hobby, é trabalho!),  tem que saber onde e quando quer chegar. Você realmente sabe? E, mais que isso, quem são os parceiros de caminhada para chegar mais rápido ou mais longe – uma escolha bastante individual e que você vai decidir conforme o “passo a passo da sua caminhada”. Não tem fórmula. Tem sentir, perceber, entender, testar, fazer e ver o que vai acontecendo. Como educadora, o meu papel aqui é também trilhar algumas sugestões para sua caminhada. Então vamos ao check-list?

CHECKLIST

1.Mude sua postura/seu mindset para um agir profissional;

2. Aja com dedicação e esforço;

3. Saiba o seu valor;

4.Tenha objetivos traçados;

5. Identifique bons parceiros.

E faça tudo isso alimentando sua motivação intrínseca (aquela que nós falamos lá no começo). Ela nos impulsiona. Nos inquieta.O que compartilhei com você é mais que um pensamento criativo, é mais que utilizar processos criativos para chegar a algum caminho coerente, é o que chamo de “viver criativo”, onde você usa o seu talento, sua paixão e ganha a grana merecida para que possa expandir e SE expandir! E isso tem haver com nossas causas pessoais. Ela alimenta o “por quê” de nossa jornada. Mas a importância do “por quê” é assunto para outro momento.

Quer se inspirar em histórias de start-ups que deram certo fazendo coisas criativas, no que gostam? Então você deveria ler o livro “Empreendedorismo Criativo”, da Mariana Castro (ed. Portfolio/Penguin). Compre aqui na Amazon!

Sendo assim, já temos um motivo, dicas, e uma justificativa para nossa conexão. Agora me conta o que eu quero saber:

• Você ama o que faz?

• E isso paga seus boletos?



Multipontencial desde quando esse percurso formativo não era compreendido pelo mercado (e por nossos pais). Doutoranda em Comunicação e Semiótica, mestre em Planejamento Territorial, especialista em Marketing e bacharel em Design e Direito. Atua na docência, consultoria e mentoria de projetos e negócios da Economia Criativa para transformação da criatividade em ativo financeiro. Curiosa e proativa. Gosta de gente mais que de coisas.

Arte da capa: Yukai Du

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