Diariamente somos pressionados para resolver problemas. Seja no trabalho ou na vida pessoal, o tempo todo lidamos com desafios e questões que nem sempre sabemos como resolver. Nos negócios, essa pressão ainda vem acompanhada de prazos e cobranças para que sejamos criativos e pensemos fora da caixa, fazendo mais com menos na hora de criar uma solução – e em muitas empresas vai ser assim por um bom tempo…. Certo? E o que geralmente acontece é que nos fechamos em nossos escritórios para enfim, pensar em algo diferente, esperando que o momento “ahá” surja. Mas será que tem um jeito mais eficiente de resolver problemas?
Sim, e vários. Primeiro é importante lembrar que conforme vamos nos tornando + criativos, esses “problemas” viram desafios, e desafios nos fazem evoluir. O que é interessantíssimo, pois deixa a vida muito mais cool. Mas, e na prática? Por onde começar? Uma das abordagens que muito se ouve falar nos dias de hoje é o “Design Thinking”. Este conceito teve seu boom na década de 70 quando o livro “Experiences in Visual Thinking” de Robert H.McKim foi publicado, e daí em diante o Design Thinking vem se popularizando e sendo amplamente utilizado nos negócios, principalmente nos processos de inovação nas empresas.
O QUE É DESIGN THINKING?
Basicamente é uma maneira de resolver problemas colocando o ser humano no centro, ou seja, o que mais importa são as necessidades das pessoas que você está querendo impactar através da resolução de algum problema que elas possuem. Mais do que as necessidades da empresa ou o que os executivos acham que é o problema, o olhar no Design Thinking é sempre para o cliente.
E é aí que entra a empatia. Isso porque para que você possa colocar o ser humano no centro de todas as decisões, é necessário de verdade enxergar o mundo com as lentes daquele que está vivendo na pele o problema. E é sempre bom lembrar que “empatia” é completamente diferente de “simpatia” – sim, ainda tem muitas pessoas que confundem!
Empatia, de acordo com o dicionário Michaelis, é “a habilidade de colocar-se no lugar de outra pessoa, compreendendo seus sentimentos, desejos, ideias e ações” (sem julgamento!). Já simpatia é a “afinidade entre duas pessoas que, por sentimentos afins, sentem atração mútua e espontânea”. Se ainda ficou confuso, dá uma olhada no vídeo da Dra. Brené Brown (clique aqui), professora da Universidade de Houston e pesquisadora do tema, explica de maneira bem didática a diferença entre estes dois sentimentos e como você pode ser uma pessoa mais empática no dia a dia.
E como podemos aplicar o Design Thinking com a empatia? Se partirmos da ideia central do método que é o aprofundamento no problema para entender o contexto e o que as pessoas estão passando, ou seja, quando você “veste os sapatos delas e sente a dor que elas sentem”, essa imersão na dor do outro já é a prática da empatia em si.
Por exemplo, se o problema que você quer resolver é melhorar a experiência com os carrinhos de supermercado para que eles sejam mais seguros e fáceis de usar, não dá para criar uma solução usando Design Thinking apenas da mesa do seu escritório. Você precisa ir para a rua, conversar com as pessoas que usam esses carrinhos, com os funcionários que organizam eles todos os dias e você mesmo tentar usar o carrinho para fazer compras ao mesmo tempo que cuida do filho, ou está com pressa, ou várias situações que você vai encontrar (e descobrir ao pesquisar) que podem ser criadas e vivenciadas na pele. Desta forma, você aprenderá muitas coisas que irão fazer com que você tenha mais insights e soluções criativas no decorrer do seu projeto. Veja aqui como esse processo ocorre na empresa IDEO, que tem um time bem diverso e consegue encontrar soluções para diversos tipos de problemas, neste caso, redesenhar um carrinho de compras.
Ideias que você nem imagina surgirão e com certeza esta abordagem abrirá espaço para estimular a criatividade de todos que estiverem envolvidos. David Kelley, fundador da IDEO, uma das consultorias mais famosas do mundo especializada nesta abordagem e responsável pela disseminação do Design Thinking no mundo diz o seguinte:
“Muitas pessoas não se consideram criativas. Eu acho que isso é errado, todos somos criativos. E é por isso que ensinamos Design Thinking, porque aprender esta abordagem pode desbloquear a sua criatividade e fazer você se sentir capaz de, rotineiramente, criar ideias maravilhosas”.
– David Kelley
Agora, imagine se a equipe de marketing da empresa Uber, experimentasse por 3 meses, a vida do que é ser motorista pelo aplicativo por 4 horas diárias, por exemplo? Eles com certeza iriam entender muito mais as necessidades dos clientes e parceiros – teriam experiencias individuais – e também uma clara visão de quais são os problemas enfrentados ao ser motorista, assim como os feedbacks dos passageiros durante as viagens em relação ao serviço. Uma economia em pesquisas, não? Agora me diga, você, na sua empresa, negócio ou ideia, quantas vezes se propõe a “ir para as ruas” testar o seu serviço ou produto pra ver se de fato ele é o que você gostaria que fosse? É aquela ideia de “aprender a reaprender” sempre.
Portanto, seja no seu trabalho ou na vida pessoal, quando você se deparar com um problema a ser resolvido, lembre-se de praticar a empatia e olhar o problema com as lentes da outra pessoa que está vivenciando o desafio. Mas mais que imaginar, é experimentar! Saia do escritório e vai viver realmente aquilo que seu cliente precisa e que você pode ajudar!
E tem mais um ponto: Além de se tornar uma pessoa mais tolerante, você abrirá espaço para a criatividade emergir cada vez mais e com certeza vai trazer soluções que você pode nunca ter imaginado. Baita diferencial, hein?
Marina Almeida é co-fundadora do Mosaico Criativo, uma escola online em rede, que conecta pessoas que já entenderam e estão realizando na lógica do Novo Mundo, com aquelas que não querem ficar para trás e desejam se desenvolver para o futuro que já chegou. Adora viajar, ouvir histórias e aprender. No mundo corporativo, atua no Núcleo de Inovação Digital de uma grande empresa, realizando conexões com o ecossistema de Inovação e atuando na construção da estratégia digital.
Arte da capa: Lao Mo XINMO